25 de nov. de 2010

Antigo prédio da Câmara de Vereadores de Florianópolis deve virar moderno museu

O Palácio Dias Velho, em Florianópolis, vai se transformar no Museu Histórico. O projeto prevê um espaço com tecnologia de ponta, salas interativas equipadas com sistema 3D e imagens holográficas de personagens históricos catarinenses.

O antigo prédio da Câmara Municipal de Vereadores, na Praça XV de Novembro, no Centro, passa por um novo projeto de restauração. Serão três etapas.

A primeira, praticamente concluída, foi a limpeza arqueológica, com a remoção de entulhos existentes no local. De acordo com a gerente do Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural (Sephan), Maria Anilta Nunes, o piso rebaixado chamou a atenção dos arqueólogos, que suspeitam da existência de celas antigas no subterrâneo.

— Foram descobertos antigos alicerces e artefatos de louça e ferro, além de peças de vidro e até cédulas de dinheiro antigo — destaca Maria Anilta.

A próxima fase, que será iniciada em dezembro, é a prospecção arqueológica de superfície, em que estruturas soterradas em até quatro metros de profundidade poderão ser descobertas. Os resultados obtidos vão orientar a terceira parte do projeto: a escavação do edifício.

Com os resultado das etapas anteriores, junto com a pesquisa histórica e eventuais problemas de arquitetura do palácio, será planejado um projeto de restauração, com custo estimado em até R$ 8 milhões. Depois disso, o próximo passo é a busca pela captação de recursos necessários para viabilizar a restauração e, posteriormente, a criação do museu.

Segundo Maria Madalena do Amaral, arqueóloga que coordenou a primeira etapa do projeto, o objetivo é mostrar a transformação pela qual passou o prédio até hoje.

— Nós dividimos a área em unidades quadriculadas de aproximadamente um metro quadrado para perceber os artefatos utilizados, as estruturas e os assoalhos. Queremos detectar o que exatamente se passava em cada parte da casa, qual era a função de cada cômodo, e contar essa história no futuro museu — explica.

Para Átila Rocha, superintendente do Instituto de Planejamento Urbano (Ipuf), a restauração é peça fundamental no contexto político-social da cidade.

— Um museu de alta tecnologia vai incentivar e provocar o interesse da população de Florianópolis a interagir com informações históricas.

Em julho, a restauração do edifício esteve envolvida na polêmica relacionada à ONG DiverSCidades, entidade que firmou termo de parceria de R$ 25 milhões com a prefeitura de Florianópolis. O convênio foi cancelado quando se verificou que a arquiteta Cristina Maria Piazza, ex-diretora de Planejamento do Ipuf, era também presidente da ONG. O Ministério Público ainda investiga o caso.

— Essa história já passou. O contrato foi cancelado e não tem nada a ver com o trabalho que estamos fazendo agora — conta Átila.

Para relembrar
A antiga Casa de Câmara e Cadeia, construída entre os anos 1771 e 1780, é uma das três construções mais antigas do Centro Histórico de Florianópolis, ao lado da Catedral Metropolitana e do Palácio Cruz e Sousa. O primeiro lugar ocupado pela Câmara e Cadeia da Vila de Nossa Senhora do Desterro era composto de cinco pequenas casas que existiam no mesmo terreno onde, posteriormente, seria construída a nova edificação.

Inaugurado em 29 de dezembro de 1780, o novo prédio foi feito para abrigar a cadeia e a Câmara, local onde tomaram posse muitos presidentes de província na época do Reinado.

O Imperador Dom Pedro II chegou a visitar o prédio e mostrou total desaprovação com as precárias condições da cadeia, que funcionava no térreo. Sujeira, epidemias e até doentes terminais habitavam o local. Enquanto isso, no andar superior, decisões políticas eram tomadas.

Apenas no início do século 20 a cadeia foi transferida para outro local e o prédio foi reformado. As feições arquitetônicas aos moldes da tipologia colonial luso-brasileira foram substituídas pela atual configuração, onde não se observam evidências físicas da presença da cadeia.

Em 2007, audiências públicas resultaram na proposta de implantação do Museu Histórico da Cidade.

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