25 de out. de 2010

Pressionada, Dilma lança propostas genéricas como programa

Caderno improvisado tem apenas 8 páginas e está intitulado com 'os 13 compromissos programáticos de Dilma para debate na sociedade brasileira'

25 de outubro de 2010 | 19h 33

Malu Delgado, de O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Sob pressão de aliados e do eleitorado, a candidata do PT, Dilma Rousseff, lançou nesta segunda-feira, 25, de forma improvisada um caderno com propostas genéricas, com apenas oito páginas, intitulado "Os 13 compromissos programáticos de Dilma Rousseff para debate na sociedade brasileira".
O documento não toca em temas polêmicos, sobretudo na área econômica e cambial, e não aborda temas históricos defendidos pelo PT. Assuntos como reforma agrária, direitos de minorias, aborto, reforma da Previdência, direitos humanos e democratização dos meios de comunicação _ alguns considerados bandeiras do partido _sequer são mencionados.
Após o incidente de julho, quando foram registradas as diretrizes do PT para o programa de governo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) _ o texto foi retirado e alterado a pedido de aliados _, o objetivo da coordenação de campanha de Dilma era evitar mais polêmicas na reta final da eleição.
Primeiramente o evento de ontem foi anunciado como encontro de lideranças partidárias para discutir o formato final do programa. Dirigentes de partidos confirmaram ao Estado que a reunião foi marcada na última hora. Não houve nenhum lançamento oficial e algumas cópias foram distribuídas à imprensa após uma rápida entrevista coletiva da candidata no corredor de um hotel em São Paulo. Dilma ficou cerca de 15 minutos numa sala fechada com representantes dos partidos que integram a coligação "Para o Brasil seguir mudando".
O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, afirmou que "os detalhes das diretrizes de programa de governo foram fechados" no domingo à noite. Segundo ele, as "ações mais concretas" de governo estarão relatadas nos chamados cadernos setoriais. Esses cadernos, porém, não ficaram prontos e nem serão divulgados antes da eleição no dia 31 de outubro. A coordenação de campanha de Dilma argumenta que alguns deles, como os das áreas de educação, meio ambiente, cultura e políticas para deficientes, já estão prontos. Não houve divulgação dos cadernos já elaborados.
A candidata negou que o documento divulgado seja genérico e um tanto tardio e disse que suas propostas detalhadas já foram divulgadas por intermédio dos programas eleitorais em rádio e televisão. "Nós expusemos isso em todos os programas de televisão, exaustivamente."
"Poderia chamar esses 13 compromissos programáticos de compromissos que fundam e sustentam a nossa governabilidade. Obviamente eles são gerais, não são metas. Tem o sentido de diretriz, o que é muito importante", acrescentou.
Questionada sobre a política econômica, apenas afirmou: "Nós vamos seguir o cambio flutuante, a inflação sob controle e uma política de blindagem internacional". Essa blindagem, segundo ela, diz respeito ao volume de reservas internacionais, de US$ 281 bilhões.
"Fizemos uma opção muito clara por fazer um documento sintético. Entre outras coisas porque se você faz um documento muito longo os únicos que vão ler são vocês, jornalistas, para tentar descobrir um probleminha aqui, um probleminha lá", argumentou Marco Aurélio Garcia (PT), coordenador do programa de governo.
Ele disse que não há grande diferença entre os programas de governo elaborados para o presidente Lula. Em 2006, o então candidato lançou um documento com suas diretrizes, de 34 páginas, e também foram divulgados os cadernos setoriais. "Há um nível de detalhamento razoável neste texto", afirmou Garcia. Questões como câmbio, enfatizou, não devem ser debatidas num programa de governo.
"Não poderíamos entrar em detalhes nas questões econômicas agora", afirmou o presidente do PC do B, Renato Rabelo. Segundo ele, a guerra cambial é um dos problemas mais sérios da economia e terá de ser enfrentada pelo próximo presidente. Ele admitiu que o PC do B fez cobranças para que o programa fosse lançado. "A gente fica sem norte se não tiver um programa. Nós não vamos apoiar nenhum governo se não tiver programa." Rabelo também deixou transparecer a dificuldade dos 10 partidos da coligação de chegarem a um acordo para elaborar um texto comum. Foram mais de dois meses de discussão. "Não tinha se chegado até então a uma carta de intenções que correspondesse aos interesses de todos os partidos que apoiam a candidata."

Fonte da matéria completa: http://www.estadao.com.br
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