3 de fev. de 2012

Rapper é preso suspeito de tráfico de drogas em Florianópolis

MC Bebê Gigante e mais três homens foram alvo de ação da Deic na comunidade Chico Mendes.


Ainda quando cumpria internação na adolescência, Bebê Gigante garantia que estava regenerado. Na música, pretendia renascer. Formou grupo, lançou CD e gravou clips badalados na Ilha. Dizia ser um rapper inspirado na família e pronto para passar mensagens aos irmãos.

Na manhã desta quinta-feira, ele foi preso em sua casa suspeito de tráfico de drogas em uma operação que mobilizou 30 policiais da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), a elite da Polícia Civil catarinense.

Jackson Soares Aranha, 26 anos, conhecido como Bebê Gigante, era investigado havia dois meses pela divisão de repressão a entorpecentes da Deic. Morador da comunidade Chico Mendes, na parte Continental de Florianópolis, ele apareceu em denúncias de que estaria comandando um grupo de adolescentes envolvidos com o tráfico. A polícia afirma que estaria ameaçando e expulsando moradores, além de impor regras no local.

Responsável pela investigação, o diretor da Deic, delegado Cláudio Monteiro, pediu mandados de busca e apreensão à Justiça na casa de Bebê Gigante e de outros supostos comparsas. Às 6h, a polícia desencadeou a ação no Monte Cristo para cumprir as ordens. A operação foi denominada de Pastuga porque ocorreu perto da área conhecida como Pasto do Gado.

A polícia apreendeu uma pistola calibre 380 na casa do rapper. A outra pistola foi apreendida na casa de Saulo José de Athayde, 28 anos. Na residência de Miguel Arcanjo Camargo, 23, a polícia encontrou R$ 3,2 mil em notas de baixo valor e moedas escondidas dentro de objetos. Também foi preso Guilherme Montebeller da Silva, 20.

Com o grupo havia pequena quantidade de maconha. quatro foram autuados em flagrante por tráfico e associação para o tráfico. Ficaram o dia na Deic e seriam transferidos assim que abrissem vagas no sistema prisional.

Segundo a Deic, Bebê Gigante cumpriu medidas socioeducativas quando tinha menos de 18 anos e teria confessado seis homicídios - a sua adolescência teria sido marcada por envolvimento com gangues e delitos.

Em 2004, quando tinha 18 anos, foi preso pela PM na Chico Mendes com uma pistola 380. A Deic apurou que estaria jurado de morte recentemente por um grupo rival ligado a Fabiano de Jesus, o Colono, morto em 2011 no mesmo bairro. E por isso não estaria mais fazendo shows.

Investigadores disseram que não conseguiram depoimento da suposta atuação criminosa dele por causa do medo da comunidade em incriminá-lo.

Compositor e clipe na praia

Desde 2009, o rapper "MC BB Gigante" e seu grupo lançaram três CDs. Na internet, atribui ao hip-hop o seu renascimento pessoal. O rapper também é compositor. Aborda temas variados e destaca as belezas da capital catarinense. Ele gravou um clipe na praia do Santinho, no Norte da Ilha.

Bebê Gigante também costuma exaltar a importância da internet na favela. A Chico Mendes, onde mora, é um dos bairros que mais sofrem com a criminalidade na Capital. Nos últimos anos, também mostra-se um lugar esquecido pelo poder público, cujo abandono social foi tema de recente reportagem do Diário Catarinense.

"Denúncias são infundadas", diz advogado do rapper

O rapper Bebê Gigante nega os crimes apontados pela polícia. O seu advogado, Marcelo Gonzaga, disse que as denúncias contra o seu cliente são infundadas, que ele não é traficante e que nenhum tipo de droga foi encontrado em sua casa.

O defensor disse que a arma apreendida pertence ao preso Guilherme da Silva, que mora em cima da casa de Jackson. "Ele vive da música, está regenerado dos problemas que teve com a Justiça quando era adolescente. A prisão interrompe a sua carreira e o prejudica", criticou.

Marcelo entrará nesta sexta-feira com pedido de relaxamento da prisão à Justiça. "Essas denúncias deveriam ter sido melhor averiguadas. Foi algo anônimo, frágil e que impossibilitou a sua defesa", disparou o advogado.

"Nosso rap é feito com amor, é nossa vida, nossa alma e nossa profissão. Fazemos música com muita dedicação e respeito. Com ideias certas, retas e sem hipocrisia, música para tocar o coração, fortalecer e fazer os mulekes aprenderem o que é respeito, o que é malandragem", diz o grupo do qual pertence na internet.

O apelido de Bebê Gigante teria ganho ainda quando era adolescente. O motivo, dizem policiais, seria a estatura alta e também porque costumava chorar na presença dos policiais ao ser indagado de crimes.

Fonte: diariocatarinense.clicrbs.com.br
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